domingo, 30 de mayo de 2010

Lázaro de Tormes en Trás-os-Montes



ANTOLOGIA DE CONTOS POPULARES
II. Contos jocosos e divertidos

Alexandre Parafita
Lisboa, Plátano Editora, 2002, 312 págs.


Como se sabe, el primer capítulo del Lazarillo está construido a base de relatos folclóricos tradicionales. El último de ellos, el episodio de la longaniza y la posterior venganza del destrón, está ampliamente documentado con variantes: torreznos, sardinas (“Ya que oliste la sardina, haber olido la esquina”), longanizas. Este fin de semana he encontrado, por azar, en este interesantísimo libro, la siguiente versión portuguesa recogida en la región de Trás-os-Montes.

“O cego e a linguiça”

Eram dois irmãos. Um deles era cego. E andavam a pedir pelas aldeias, onde o que não era cego acompañaba o outro e ajudava-o.
Um dia deram-lhes uma linguiça, e eles foram a assá-la. E o que não era cego untou um pão con ela, e a seguir deu o pão ao irmão, comendo ele sozinho a linguiça. E o cego dizia assim:
-Cheria-me a linguiça! Cheira-me a linguiça!
E não havia maneira de se calar. Pasando um bocado foram-se embora e tiveram de atravesar um ribeiro. Só que à frente estava um sobreiro. E o que não era cego dizia:
-Salta que é só um ribeiro!
Ele saltou e bateu con a testa no sobreiro. E pôs-se aos gritos:
-Ai onde eu foi a bater! Ai onde eu foi bater !
E o irmão respondeu-lhe :
-Então cheirou-te o pão a linguiça, en não te cheirou o sobreiro a cortiça?

[Rec.: Penarroios, Mogadouro. En 1999. Inf.: Lidia da Assunção Caseiro, 45 anos]

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